Capítulo Um

Domingo, 19 de Agosto de 1968

Naquela manhã de Domingo, fui subitamente acordado pela campainha. Era muito cedo, e aquele barulho ruidoso fez-me acordar. Levantei-me, dificilmente, ainda com bastante sono, e espreitei devagar pela porta do meu quarto. Pelos vistos, o meu pai já estava acordado há algum tempo. Esteve a ler o jornal desde as sete horas, ou então a ver o noticiário da manhã. Ele caminhou pela entrada adentro, e abriu a porta. Pareceu surpreendido por ver que era a sua irmã mais velha quem lhe estava a fazer uma visita…


Eu nunca gostei muito da Tia Lucille, nem dos seis dezoito ex-maridos, nem de quando ela ficava a viver na nossa casa durante uma semana até se ‘recompor’ da tristeza que foi ser abandonada por mais um homem. Mesmo que tenha sido ela a acabar a relação, ela vem sempre aqui passar umas pequenas férias. A minha mãe já pressionou o meu pai para que ele a faça parar, mas ele não era capaz de ferir os sentimentos da irmã mais velha, que cuidou dele desde que ele era um pequeno bebé. Eles os dois ficaram a conversar durante algum tempo. Fiquei então a ouvi-los por trás.
 
 
- Então, Lucille, o que aconteceu desta vez? - perguntou o meu pai.
- Oh, John, fui traída mais uma vez por um homem sem coração! Por favor, dá-me um lar até eu recuperar desta tragédia terrível… - afirmou ela dramaticamente.
- Mas Lucille, sempre que te acontece isso, vens para cá! Porque é que não compras uma moradia em Twinbrook, ou algo assim?
- John, sabes perfeitamente que a maior parte da herança dos nossos pais foi para ti! Se ao menos a Mãe me tivesse deixado o suficiente para comprar uma casa pequena aqui perto…
- Mas ela deixou-te 20 000 Simoleões! Porque é que achas que isso não chega?
- Hum… Não sei se sabes, mas alguns dos meus ex-maridos gastaram quase toda a minha fortuna quando disseram que me iam ‘fazer feliz’. Até hoje espero por isso!
- Bem, está bem, podes ficar mais uma vez.
- Quem é que pode ficar mais uma v… - começou a minha mãe, saindo do quarto. A choradeira da minha tia deve tê-la acordado.


- JOHN!!! O que é que ela faz aqui outra vez?!
- M-mas, Jenny…
- Não me digas que ela foi abandonada… DE NOVO?!
A Tia fez a cara mais dramática que conseguiu e desatou a lacrimejar. A minha mãe ignorou-a completamente e foi para o quarto vestir-se, pois naquele dia, íamos visitar os avós. O meu pai fez o mesmo. Dirigiu-se para a porta do quarto, até que finalmente me viu ali parado.
- Ah, bom dia, Charlie. Vá, vai-te lá vestir.
Eu obedeci-lhe, indiferente quanto à choradeira que tinha assistido. pois já era normal ver a minha tia derramar lágrimas por alguém que a abandonou.

 
A minha mãe pegou na Sue, a minha pequena irmã, e entrámos todos dentro do carro. A Tia ficou em casa, a derramar mais lágrimas. Foram os avós que nos convidaram, para irmos lá almoçar. O meu pai nem pensou duas vezes, sempre adorou a comida da 'Vovó'. A minha mãe, lá torceu o nariz por se ir encontrar com a sogra, mas desde que ela faça o marido feliz, ela quer ir. Eu fui à frente, pois desde que completei o meu décimo segundo aniversário na semana passada, o meu pai deixa-me sempre ser um ‘homenzinho’.
 

Mas nada nos podia ter preparado para o que íamos ver a seguir…

6 comentários:

  1. Para começar adorei! Adorei mesmo! Parabéns, ri-me bastante com es´ta entrada de diário! E fiquei curioso para saber oq eu vem a seguir! Continua ...

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  2. Tambem gostei muito!
    Tava tudo muito bem escrito...
    O que me parece e k a mae do Charlie, nao gosta muito da sogra... :D

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  3. Gostei, sim senhor!
    Está muito bem feita, e espero pelo desenrolar da história!
    Continua assim! ;)

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  4. Muito bem! Gostei muito do que li.
    Espero por mais.
    (=^.^=)

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  5. Oh Meu Deus!
    Está mesmo fixe!
    Amei mesmo!
    Juro, não estou a brincar, está mesmo brutal! =D
    *.*

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  6. ho que fixe! dezoito ex marido? fogo...
    gostei muito joao!

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